Bicicleta Dobrável FLEE TAKOMA - Avaliação - Review - Teste de curta duração

A série de artigos sobre bikes dobráveis aqui no Blog acabou se mostrando muito mais útil do que imaginava inicialmente e acabou crescendo.

Uma das consequências boas disso foi que eles tem se tornado referência sobre bicicletas dobráveis, e como tal tenho recebido de amigos e empresas a incumbência de avaliar algumas, a fim de testar, passar minhas impressões e por conseguinte, divulgá-las aqui.

Portanto, a partir de agora passarei a divulgar avaliações de bicicletas dobráveis de uma outra forma, além da série "Opinião do dono" crio a série "Testes de curta duração".
Nesta série publicarei avaliações de bicicletas dobráveis que ficaram comigo para testes.
Este é o primeiro da série. Com o tempo pretendo aperfeiçoar e padronizar o mecanismo de avaliação, neste primeiro narrarei minhas impressões pessoais, farei uma avaliação técnica da bicicleta, analisando construção, montagem, acabamento, peças, componentes e durabilidade etc.

Mas antes de tudo quero agradecer à confiança depositada pelo Zé Lobo, da Transporte Ativo - minha maior referência em tudo que se refere à bicicleta - por me indicar para escrever e publicar esta avaliação.
Além do Zé, agradeço também à GIGA BIKE, que cedeu a bicicleta para avaliação.

Por ser o primeiro artigo da série, algumas considerações inicias:

- Apesar de ser um artigo técnico, mesclarei com impressões pessoais
- A avaliação é baseada num teste de campo, pedalei com a bicicleta por alguns dias, em meu trajeto diário e em alguns trechos extras
- Em vários momentos "estressei" a bicicleta, forçando a limites, para ver como se portava
- A intenção do teste é ser realista, procuro não ser parcial em favor de ninguém
- As referências de avaliação comparativa - quando houver - é feita levando em consideração toda minha experiência, seja com dobráveis ou não

E mais uma novidade: Estreei o canal de A Vida de Bicicleta no YouTube, com o vídeo "Desembalando a Flee Takoma", ainda é amador, mas acho que será útil para quem quiser ver a bike além das fotos.
O vídeo está disponível no final deste artigo.

No fim do artigo, mais uma extra: o relato do Eduardo Bernhardt que a testou po alguns dias.

Em primeiro lugar quero apresentar a bicicleta, eu mesmo não conhecia a marca antes do teste:

Modelo: FLEE TAKOMA
Aro: 20
Peso aproximado: 12,5 Kg
Número de marchas: 7
Material do quadro: Alumínio

Especificações (retirada do site da marca)

Garfo: chromoly
Aprovado, muito melhor que os de aluminio.
Roda: aro em alumínio parede dupla; raios em aço inox; com blocagem
Aprovadas, destaque para as blocagens, que facilitam a colocação e retirada.
Pneus: kenda Kwest K-193 - 20x1.50 slick
É o pneu que acompanha a maioria das dobráveis por aqui, tem uma boa rolagem, embora aceite pouca pressão.
Alavanca de câmbio: Shimano RS 35 Revo Shift - 7 velocidades
Particularmente não gosto das alavancas grip system, esta é uma das mais simples, sem muita precisão, mas cumpre a função.
Câmbio traseiro: Shimano RD-TY18
É um dos modelos mais simples (se não for o) da shimano, pouca precisão, mas apesar de tudo não fez feio.
Pedivela: alumínio com protetor de corrente
Aprovado.
Cassete: Shimano MF-TZ21 - 7 velocidades
Não há muita opção para cassetes de 7v, achei a relação de marchas leve demais, sentindo falta de uma mais pesada.
Pedais: em nylon dobrável
Aprovado.
Selim: Flee confortável
Embora confortável, é muito mole e logo perde o conforto.
Canote: alumínio 31.8
O canote tem um bom tamanho, permitindo que pessoas mais altas (cerca de 1,87m) andem com conforto.
Guidão: coluna de direção com regulagem de altura em alumínio
Freio: v-brake em alumínio, com manete em alumínio
Não são dos melhores, mas pelo menos são de alumínio. Poucas as dobráveis vem com freio de qualidade.
Manopla: ergonômica
Aprovada, é confortável, mas ela fica girando e isso é muito chato, tem que colocar algum elemento para que ela fique fixa no guidão.
Extras: paralamas dianteiro e traseiro, buzina, dobradiça do quadro e coluna de direção em alumínio, descanso central, furação para bagageiro

O bagageiro fez muita falta.

Impressões/avaliação

Andando na bicicleta:

Em paralelepípedos: Uma coisa que merece especial atenção em dobráveis é o aperto das peças móveis das dobras e em especial o sistema de direção, que tendem a apresentar mais folgas com o uso do que as bicicletas normais. Isso não é um problema de fato, caso o usuário esteja sempre atento e elimine as folgas sempre. Só será um problemas caso não se verifique e ajuste frequentemente estas folgas.

O que faz com as folgas apareçam com mais frequência é o terreno de uso, muito uso em paralelepípedos as fazem sofrer um pouco mais. E uma boa dobrável deve se portar bem em terrenos com este. E neste caso a Flee Takoma foi aprovada, andei em condições bem pesadas e mesmo assim, ela não apresentou nenhuma folga precoce. Excelente! Para mim foi o que mais se destacou nela.

No trânsito/asfalto: As dobráveis costumam ser bem ágeis no trânsito, principalmente por sua leveza, largura do guidão e tamanho da roda, que a fazem bastante arisca. A ponto de estranharmos nas primeiras pedaladas. A Flee Takoma se mostrou excelente no trânsito, a única coisa que sento falta foi de uma marcha mais pesada. Veja mais detalhes de seu comportamento no relato do Eduardo, no fim deste artigo.

Por ser uma bicicleta essencialmente urbana, não foi feito nenhum teste em estradas de terra ou qualquer ambiente off-road.

Conforto/posição de pedalar: O conforto ao pedalar em uma dobrável está relacionada a muitos fatores, entre eles o ângulo entre canote e direção, qualidade do sistema de direção, amplitude de regulagem da direção e do canote, selim etc. A Flee Takoma apresentou uma posição de pedalar bastante confortável, eu tenho cerca de 1.87m e fiquei em uma posição confortável, creio que pessoas menores conseguem uma posição confortável também. Mas o destaque é que pessoas mais altas podem andar nesta bicicleta com relativo conforto, coisa que não se consegue em todas as dobráveis.

Sistema de dobras: O sistema de dobras é o mesmo da Caloi Urbe, eficiente, rápido de dobrar e desdobrar. Quando totalmente dobrada fica compacta e fácil de carregar. Faz falta um sistema de travas após dobrada, como os de imã de algumas DAHONs ou mesmo um simples velcro de algumas DURBANs, mas isso pode ser providenciado.

Qualidade das travas: As travas são boa qualidade, de alumínio e o sistema de aperto de folgas é rápido e eficiente. O único inconveniente é o sistema de trava da dobra do guidão, que é um pouco chato de ajustar.

Principais problemas/defeitos: Não considere isso como um defeito ou problema, mas me chamou atenção o quão rápido as borrachas de freio se desgastaram. Logo nos primeiros dias tive que apertar o micro ajuste e logo tive que apertar todo sistema de freios. Acredito que seja algum problema específico do lote das sapatas, porque isso não é uma coisa comum.
Outra coisa necessária foi fazer um pequeno ajuste no câmbio. Também não posso considerar isso como um defeito ou problema, porque é muito comum que as bicicletas venham desreguladas, embora seja bastante comum que as dobráveis venham bem reguladinhas.

Pontos positivos:

• O principal de todos, que realmente me chamou atenção foi a robustez da bicicleta, andei em condições bastante adversas (chuva, lama, paralelepípedos, embarquei com ela em 2 vôos domésticos, subindo e descendo de meio-fio "sem pena") e ela não deu sinal de desgaste em nenhum momento. Foi surpreendentemente resistente e "guerreira", uma agradável surpresa para uma dobrável.
• Outro destaque para o descanso que é bem eficiente, resistente e a alça para acessá-lo ajuda bastante.
• Mais um destaque para as rodas com sistema de blocagem rápida, do tipo "quick release". Embora não seja comum em dobráveis nem tão necessário ou bem vindo em bikes urbanas (é mais fácil de retirar e consequentemente de roubar), facilita muito o conserto e até mesmo a portabilidade na hora de colocar em um porta malas de carro por exemplo. Para resolver o problema do roubo, basta trancar a dobrável na rua dobrada, ou seja, com uma tranca de prende a bicicleta e as duas rodas.
• Furação para suporte de caramanholas (garrafinha d'água). Mas só cabem garrafas pequenas, as de 710ml prendem no suporte de guidão.

Pontos negativos:

• A bicicleta tem mais pontos positivas que negativos. Como negativos eu posso enumerar a ausência de bagageiro, além de ter feito bastante falta, o preço médio dela justifica a presença dele.
• Outro ponto é a relação de marchas, senti falta de uma marcha mais pesada (veja avaliação do Eduardo abaixo, concordando com isso). Muitas vezes andado em sétima marcha (mais pesada) girava o passador esperando uma mais pesada.
• O câmbio traseiro é o modelo mais simples da Shimano, ruim de regular e fácil de desregular. Além de dar muito pouca precisão nas passagens de marcha. Apesar de tudo, se estiver bem regulado não dá maiores dores de cabeça. Vale trocar por um de melhor qualidade.
• Os passadores do tipo Grip-System são os modelos mais simples da Shimano e eu particularmente não gosto deste sistema. A maioria das dobráveis em nosso mercado vem com esses passadores. Se eu ficasse com a bicicleta seria a primeira coisa que trocaria, junto com o câmbio e cassete traseiro. Ou seja todo a relação merece ser melhorada.

Avaliação geral/Considerações:

Acabamento: O acabamento da bicicleta me surpreendeu positivamente, acostumado com as DAHONs e - em contraposição - as BLITZes é difícil encontrar algo intermediário, mas o acabamento geral da bicicleta é bom.
Barulhos: Esta foi mais uma coisa que surpreendeu positivamente, mesmo depois de rodar bastante com ela, subindo e descendo meio-fio, andando em ruas esburacadas (sem fugir dos buracos) e com paralelepípedos, a bicicleta não apresentou nenhuma folga, rangido ou barulho. Mostrou ser uma guerreira. Mesmo entendendo que o teste foi curto, em bicicletas de melhor qualidade os barulhos e folgas - principalmente em dobráveis - logo aparecem.

No geral a bicicleta foi uma grata surpresa, ficou além das expectativas. O acabamento bom, componentes de qualidade acima da média e a sensação ao pedalar é ótima, confortável e transmite bastante segurança.

Fotos Extras:

Museu Oscar Niemeyer - Curitiba/PR

Largo da ordem - Curitiba/PR

Destaque 1

Estacionamento do III Fórum Mundial da Bicicleta,

na chuva e ao lado de outras dobráveis - Curitiba/PR

Destaque 2

Destaque 3

Há uma boa galeria de fotos no site da Flee (veja endereço abaixo).

Retirando-a da caixa: Aqui a estreia do primeiro vídeo que produzo para o blog, está bem amador, mas acho que pode ser útil para quem quer ver a bike "de perto".

No youtube: http://www.youtube.com/watch?v=XvxqFtysOj4


Mais informações

- site oficial: fleebikes.com.br (no site há uma boa galeria de fotos da bike)
- onde comprar: gigabike.com.br (veja detalhes aqui na seção lojas e oficinas)

Extra: Relato do Eduardo Bernhardt que também testou a bicicleta por alguns dias

Depois de 45 km no meu trajeto diário casa-trabalho-casa algumas considerações sobre a bike e dobráveis em geral.

A Takoma é muito boa, ainda mais quando está ajustadinha. Regulei o câmbio e o freio traseiro e ficou uma delícia. Não cheguei a dobrá-la e é um dos motivos pelos quais ela foi reprovada para o meu tipo de uso. Se eu não dobro em casa nem no trabalho nem em situações atípicas... pra quê ter uma dobrável não é mesmo?

Mas não pára por aí.

A bike é realmente gostosa de pedalar [...] Na flee eu tava em 7ª e ficava girando o grip shift para colocar a 8ª... Volta e meia parava num sinal fechado e nem reduzia. Mas isso se dava pelas minhas características de pedalada.

[...] Claro que eu sou meio ogro e dou um pau violento nas bikes.

Falando nisso a Flee é muito ágil e mais estreita. Dá para passar entre os carros muito bem, mas também é um problema para mim, pois eu acabo abusando. Ontem 'dei um calor' em três motoqueiros nas retas engarrafadas da Mem de Sá e Salvador de Sá na volta para casa. Foi tanto que um deles até abriu para eu passar!!!
Surreal.

[...] Aliás, no meu ranking de tempo ela ficou em terceiro com 48 minutos na volta (que é quando eu esmerilho tudo). [...]Detalhe é que os 48 minutos com a Flee foram feitos desviando por uma rota mais longa de uma manifestação no Estácio.
Outro detalhe que me limitou com ela foi o câmbio traseiro que tem braço muito longo. Em 7ª ele fica a 3 dedos do chão.

No mais ela tem um cockpit confortável, embora a buzina seja fraca. O selim por outro lado é muito mole e me deixou dolorido, pois cedeu muito com meus 68 kg (...).

É isso!

Para ver todos os artigos da série, procure pela TAG "Teste de Bicicleta".

Até o próximo...