quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Para as crianças de hoje e de amanhã

Eu sou brasileiro.

Assim como todos nós eu nasci e fui criado neste nosso mundo, cheio de contradições.
Quando criança ganhava de presente armas, tanques de guerra, soldados, aviões e navios de batalha, carros de corrida, postos de lavagem de carros etc.

Cresci e aprendi que as armas, os tanques e todos os brinquedos associados à guerra e à violência em geral não eram legais. Felizmente isso tem se tornado um lugar comum: hoje já não é bom ganhar ou dar brinquedos que façam esta alusão à violência velada.

Eu sou brasileiro.
Busquei durante a vida muitas e muitas inúmeras outras referências culturas. Mas irremediavelmente toda análise que faço, parte de minha matriz, sob o ponto de vista inicial, de um brasileiro.
Eu tento ir além.

Espero assim, que nossas crianças tenham outras referências, que possam ir além, que o mundo delas seja diferente do nosso, além. Que no tempo delas já não seja bom a alusão ao poder das máquinas em nossa vida.

Esta é uma mensagem para o dia das crianças que chega.

Deixo no ar este vídeo, para deixar em nossas cabeças a ideia de que a brincadeira e a imaginação podem ser "radicais" e criativas, sem escravidão, sem mensagens subliminares.


Ou... com uma mensagem subliminar beeeeeeem mais legal!
;-)

Até o próximo...

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

As máquinas e motores - nossa escravidão!

Meu filho tem 6 anos de idade.

Este ano ele me pediu uma mochila para ir à escola, sem rodinhas, porque disse que prefere assim, apenas carregando nas costas. E assim ele ia, feliz da vida.

Mas eu percebi que em alguns dias a mochila ficava muito cheia e pesada.

Incomodado, criei um carrinho - aproveitando a mochila do ano anterior, com rodinhas - para que ele pudesse por a mochila quando estivesse cheia.

Hoje fomos estrear e... Que decepção!

A calçada é tão irregular e malcuidada que se torna um estorvo andar com aquele carrinho por elas.
O que era para lhe dar conforto, lhe causou transtornos.

Para completar, a calçada tem pouco mais de um metro de largura, não dá para passar 2 pessoas em sentido contrário sem desviar. Em contrapartida, a rua tem seção para 5 carros! Um carro estacionado em cada lado da rua + espaço para passar 3 no meio.

Que rua é essa?

É a Rua Bambina, em Botafogo, Rio de Janeiro. Mas poderia ser qualquer uma de nossas cidades brasileiras.

Algumas imagens da rua (clique para ver ampliadas):

Seção de calçada 1 (imagem do google maps)

Seção de calçada 2 (imagem do google maps)

Seção de rua 1

Seção de rua 2

Observem os disparates entre a largura da rua e da calçada!

...

Parece uma caso isolado, mas este é só mais um episódio de nosso cotidiano em nossas cidades tomadas pelas máquinas. É só mais uma tristeza diária.

Me fez pensar e perceber como a gente virou escravo das máquinas. Olhando a mesma rua - na seção para os motorizados - o asfalto é quase impecável.

Incrível! (Ou, Crível?)

Se você é um motorizado é tratado a pão-de-ló, mas se é um simples pedestre tem mais é que sofrer!

Filmes futuristas apocalípticos soam "ficções" científicas quando nos mostram um futuro em que o ser humano é dominado pelas máquinas, em muitos até, dizimado por elas.
Engraçado é que nossos olhares para estes filmes são quase irônicos, como se aquilo fosse só uma "ficção" de algum maluco doidão.

Mas! Este futuro já começou! Ele é nosso presente! Nossas cidades já são escravas das máquinas! Veja que triste prova disso em Calcultá, na Índia (sim, a nação de Gandhi!).
Quem não vive enfurnado em um motorizado não tem espaço mais nas cidades!

Tenho comprovado isso cada vez mais e mais e mais em nossas vidas quando optei por não ter carro. Esta decisão me fez conhecer uma cidade diferente. Comecei a olhar para ela com outros olhos, com olhos que nós - escravos das máquinas - não temos: a cidade só é preparada para quem tem ser veículo motorizado. Se você opta - ou precisa - se locomover com a força de sua propulsão humana deve mais é sofrer!

Isso é exclusão! É pensar que a cidade é apenas para poucos, para os que acham que podem mais!

Essa é a cidade apocalíptica do futuro!
Essa não é a cidade que quero para mim, para os meus, para o meu filho! Espero que você também não queira!
Não quero ser escravo das máquinas! Nem acordar um dia percebendo que o terror dos filmes apocalípticos está acontecendo! Como hoje.

...

Antes que algum bobo sem argumento ou leituras venha dizer "então porque não voltamos a andar de carroça?", devo dizer que existem infinitos valores entre o "0" e o "1", ou seja, não ser escravo das máquinas não significa VOLTAR ou RETROCEDER.
Este é a típica  frase feita de um ser que caiu na preguiça de agir e de pensar, resultado da escravidão pelas máquinas.
Por favor, vamos exercitar nossa criatividade e pensar em possibilidades NOVAS, em um mundo que priorize AS PESSOAS, não as máquinas!

Enfim, isso é um desabafo, mas ao mesmo tempo uma chamada à nossa consciência, uma chamada à ação! Vamos mudar o nosso futuro, sendo agente dele!

Ou queremos ser os humanos do WALL-E?


Quer mais? Para pensar mais um pouco a quem devemos dar prioridade!


Quer mais? Assista: A escala humana.

E mais: Cidades para pessoas.

Em tempo: antes que digam que sou um "hippie anticapitalismo": leiam outros artigos por aqui, eu não execro os veículos motorizados, estes são úteis em várias situações de fato; execro apenas as pessoas que se fazem escravos deles.

Até o próximo...

PS: Além deste fato de hoje e inúmeros em nosso dia dia, este artigo foi fortemente motivado por este: Devolvam a cidade para as crianças!